Bagunça com Harmonia

De Mapa movimentos
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Cabeçalho - Bagunça com Harmonia
Cabeçalho - Bagunça com Harmonia

Contexto: Carnaval 2025

Desde a pandemia e a retomada dos eventos populares de rua, observamos um aumento significativo no número de camelôs ativos na cidade. O trabalho informal vem crescendo gradativamente, seja como atividade contínua ou como complementação de renda. De qualquer forma, estamos falando de vidas humanas que se dedicam a atividades comerciais em condições precárias, lutando para garantir o sustento próprio e de suas famílias.

Ô abre alas, que eu quero passar! Mas e quando todo mundo quer passar e ninguém abre alas?

Não dá para ser assim — o carnaval é a festa de todos, é o povo na rua tomando o que é seu, é a economia popular aquecida, é a bagunça onírica, entorpecida pela alegria. Pular carnaval é ocupar democraticamente os espaços públicos, comungar com afetos, harmonia e consciência de classe. Quando o rei Momo recebe a chave da cidade, ele representa o povo assumindo o poder soberano, então o carnaval precisa de ORGANIZAÇÃO POPULAR DE UM ESPAÇO COMUM, sem a brutalidade da ordem do poder público.

Os blocos de carnaval de rua são o ápice cultural do Rio de Janeiro. A cidade se enche de foliões em busca de alegria, diversão e um momento para fantasiar a realidade, celebrando a busca coletiva pela felicidade. No entanto, também é evidente que os blocos estão crescendo em número de participantes, surpreendendo a cada ano com sua magnitude.

Para acompanhar essa tendência, a estrutura dos blocos precisa evoluir. No entanto, isso se torna difícil sem uma prefeitura que implemente políticas públicas eficazes para apoiar essa construção. Em vez disso, o carnaval é visto como uma oportunidade para mercantilizar a festa e privatizar espaços, somando-se a um forte lobby das empresas de bebidas alcoólicas, que buscam monopolizar o evento.

Diante desse cenário, a integração entre foliões, artistas e nós, camelôs, vem enfrentando tensões. Esses conflitos surgem por diversos motivos: a chegada de novos trabalhadores informais que continuam se adaptando à dinâmica dos blocos, o desrespeito de alguns foliões em relação àqueles que os servem e, sem muita consciência de classe, por fim, a dificuldade de convivência em meio a uma massa gigantesca de pessoas, onde até mesmo camelôs com triciclos podem acabar atrapalhando os artistas, peças fundamentais da festa.

A confusão está posta, mas acreditamos ser possível transformar essa bagunça em harmonia. O caminho não é o ataque e o menosprezo! É preciso Harmonia, essa palavra tão importante para o desfile das escolas de samba, é preciso construir um diálogo entre todos aqueles e aquelas que dão vida ao carnaval de rua. Sugerimos o seguinte:

• Enquanto os camelôs precisam ser cuidadosos, todos nós precisamos garantir o respeito e valorizar o trabalho dessas trabalhadoras e trabalhadores.

• Dialogar com muita educação e respeito com os camelôs, que estão trabalhando para a folia acontecer.

• Destacar integrantes dos blocos para orientar as e os trabalhadores informais, auxiliando na disposição dos triciclos e carroças na rua, durante o cortejo, dando ouvidos a esses trabalhadores para a solução fazer sentido para quem melhor entende do consumo nos blocos

• Orientar os foliões para dar passagem ao escutar "olha o pesado"! Não tem essa de meu lugar! Imagina a perda econômica para um camelô que precisa repor gelo ou mercadoria e fica preso no bloco?

• Por outro lado, cabe orientar as e os camelôs a abrir alas e não sufocar o bloco para que os artistas possam evoluir.

• Informar aos foliões que facilita muito e agiliza a vida de todo mundo levar dinheiro trocado, e pedir que camelôs disponham de máquinas de cartão com aproximação ou QR code para PIX.

• Se bloco decidir correr, é muito importante alertar os trabalhadores que vai haver esse momento.

A campanha "Bagunça com Harmonia" propõe um diálogo aberto e colaborativo entre todos os envolvidos no carnaval de rua. Queremos construir um espaço onde foliões, artistas e camelôs possam coexistir de forma respeitosa e integrada, garantindo que a festa seja um momento não só de alegria, mas também de inclusão e oportunidades para todos.

Conversas com camelôs durante o Bloco Loucura Suburbana
Conversas com camelôs durante o Bloco Loucura Suburbana

Vamos falar de Saúde

Instruir os camelôs é de extrema importância, especialmente no que diz respeito à prevenção de danos à saúde decorrentes de suas atividades profissionais.

  1. Hidratação Adequada
    • Beba pelo menos 2 litros de água por dia.
    • Considere bebidas isotônicas para repor eletrólitos.
  2. Descanso em Sombra
    • Faça pausas regulares em locais com sombra.
    • Evite a exposição direta ao sol por longos períodos.
  3. Alimentação Saudável
    • Consuma comidas leves e saudáveis, como saladas e sanduíches.
    • Leve frutas como melancia, laranja e abacaxi, que ajudam na hidratação.
  4. Proteção Solar
    • Use protetor solar com fator de proteção adequado, reaplicando a cada 2 horas.
    • Utilize roupas de proteção UV, chapéus de abas largas e óculos escuros.
  5. Cuidado com o Calor
    • Esteja atento aos sinais de exaustão pelo calor, como tontura e fadiga.
    • Se sentir sintomas, procure um local fresco e hidrate-se imediatamente.
  6. Organização do Trabalho
    • Planeje a venda de produtos que sejam refrescantes e atrativos para o público.
    • Mantenha o espaço de trabalho limpo e organizado para evitar acidentes.
  7. Segurança Pessoal
    • Esteja atento ao seu entorno e evite áreas perigosas.
    • Mantenha seus pertences seguros e próximos a você.
  8. Cuidado com Alimentos e Bebidas
    • Não aceite bebidas ou comidas de foliões, pois podem conter substâncias entorpecentes.
  9. Atenção Redobrada com Crianças
    • Se estiver com crianças, redobre a atenção para riscos à saúde e segurança.
  10. Preparação para Emergências
    • Tenha um kit básico de primeiros socorros à mão.
    • Conheça os locais mais próximos de atendimento médico.


Campanha puxada pelo Movimento Unido dos Camelôs Blocos que estão participando: Cordão do boitatá; Bloco Céu na terra; Loucura Suburbana; Planta na Mente; Glorioso Mergulho; Glorioso Mergulho; Amores Líquidos; Os Siderais Bigode do Leôncio; Bloco to be Wild; Patas e pets; Meu doce acaba hoje; Bacurau tijucano; Caramuela; Blonk; Canários do Reino.


O Rio de Janeiro é a cidade com maior número de camelôs/ambulantes do Brasil e o mercado popular é de fato uma característica vital da constituição da cidade e sua a formação socioeconômica.