A Saúde e o Dia Nacional da Consciência Negra

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Casa das Negas

Comunidade Quilonbola Barra da Aroeira

Dia Nacional da Consciência Negra
Dia Nacional da Consciência Negra


Celebrado em 2024 pela primeira vez como feriado nacional, o Dia Nacional da Consciência Negra tem 20 de novembro como sua data de memória por ter sido a data de falecimento de Zumbi dos Palmares, descoberta no início da década de 1970, o que motivou integrantes do Movimento Negro Unificado a elegerem a figura de Zumbi como um símbolo da luta e resistência dos negros escravizados no Brasil, em congresso realizado em 1978 em São Paulo.

Passados 46 anos, o povo negro do Brasil continua a merecer atenção específica às suas necessidades de saúde. As demandas de saúde da mulher negra passam por muitas questões sensíveis, principalmente porque se referem diretamente a como o racismo nos adoece o corpo e a alma.

O racismo é adoecedor para o corpo e para a mente. Assim, a saúde da população negra de um modo geral necessita de atenção no que se refere a saúde mental, entendendo que povos e comunidades tradicionais tem práticas que devem ser incorporadas aos diálogos com a saúde, uma vez que exercem importantes tratamentos de recuperação da saúde física e mental.

Para dar assistência a população negra é necessário primeiramente levar em consideração práticas ancestrais negras que já tratavam essa população antes de existirem hospitais e postos de saúde que os recebessem.

No caso específico das mulheres negras, as mesmas são negligenciadas em várias áreas da saúde, pois a estrutura racista na qual está constituída a sociedade brasileira, impõe a visão de que a mulher negra aguenta mais dor, suporta mais sofrimento, pode ser sobrecarregada e não precisa de descanso.

Assim, da infância a velhice, do atendimento nos postos de saúde aos hospitais, é necessário que profissionais da saúde, sobretudo os médicos e enfermeiros, recebam o devido letramento racial, a fim de compreender a perspectiva racista que muitas vezes perpetuam; e também a punição, como previsto em lei quando o direito a saúde da mulher negra for negligenciado.

Assim como todas as mulheres, mulheres negras necessitam que lhe seja garantido o seu direito ao acesso a saúde, no entanto, é preciso destacar, sobretudo nas maternidades, a necessidade de escuta e respeito as pacientes, que devem receber toda a assistência e informação necessária.

Importante também salientar que ainda são muitos os casos de violência obstétrica. Na situação de gravidez, parto e puerpério a mulher encontrasse num estado que exige cuidado e atenção, no entanto cabe ao profissional da saúde compreender que não é dono da paciente. Deste modo, os procedimentos devem ser dialogadas com as pacientes e seus acompanhantes. O mesmo se dá no que se refere a saúde sexual de um modo geral, na qual a vontade da mulher deve ser soberana sobre decisões que cabem ao seu próprio corpo.

Por sua vez, populações tradicionais também enfrentam desafios para verem seus direitos assegurados. No caso do Quilombo Barra da Aroeira, um território original de 12 léguas que foi reduzido, a partir de decisão judicial, para 62 mil hectares, é com muita luta que se garante a saúde. Sendo o mesmo tomado por morros e algumas áreas improdutivas, vive-se do suor da população local, do extrativismo e do plantio de roça, com alimentação precária e não saudável, na maioria das vezes, e por vezes sem água tratada. É preciso que o poder público dê infraestrutura mínima para a promoção de um cotidiano saudável.

Chega de esquecimento sobre nossas populações tradicionais, de sofrermos abusos em diferentes locais apenas por sermos negros. Somos insistentes e lutadores, e unindo nossas forças conseguiremos alcançar nossos objetivos.