Oficina do MapaMovSaúde recebe ministra Nisia Trindade
Em 15 de novembro, o MapaMovSaúde promoveu o painel "O Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde e os desafios da participação social na articulação entre redes territoriais e digitais", durante a programação do G20 Social.
Em sua mesa de abertura, a atividade autogestionada contou com as participações da ministra da Saúde, Nisia Trindade; da representante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Fernanda Magano; da chefe da Assessoria de Participação Social e Diversidade do Ministério da Saúde, Lucia Souto; do vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Hermano Castro; do diretor do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica-ICICT (ICICT/Fiocruz), Rodrigo Murtinho; e da coordenadora do Laboratório de Informações em Saúde (LIS), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica-ICICT (Fiocruz), Renata Gracie.
A ministra da Saúde lembrou que participação social é um dos pilares do Sistema Único de Saúde (SUS), além de prioridade para a gestão atual do Governo Federal, que se materializa, por exemplo, na criação do próprio G20 Social. “Temos consciência de que precisamos avançar em construções coletivas, num governo que não seja de mão única, mas que traga práticas e conhecimentos que reforcem esse caminho coletivo”, declarou Nísia Trindade.
Ao citar as possibilidades de interação proporcionadas pelo MapaMovSaúde, a ministra da Saúde afirmou que “este é um momento de apontar as reivindicações, de que maneira podemos trocar experiências. Essa é a beleza e a força do movimento social, não só com a escuta, mas com a construção coletiva. É um espaço de aprendizado. Temos que aprender com esse novo Brasil, com novas formas de ver o mundo”, comento Nísia.
Fernanda Magano, do CNS, afirmou que o MapaMovSaúde contribui para a participação dos movimentos sociais nos fóruns de controle social sobre as políticas públicas. Defendeu, ainda, que a interlocução entre redes territoriais e digitais pode transformar a articulação entre os movimentos sociais e potencializar as lutas por um sistema de saúde mais justo e acessível para todos. “Em nome da fiscalização cotidiana dos serviços e garantia da saúde, o Mapa Colaborativo dos Movimentos Sociais em Saúde é uma ferramenta para ampliar o conhecimento da pauta e garantir vida e vida de qualidade para a população”, afirmou.
Lúcia Souto ressaltou que a iniciativa de realizar o G20 Social é uma marca do governo do presidente Lula, “dando voz e vez à população, em uma construção integrada e perene”., e lembrou que as assessorias de participação social dos diferentes ministérios trabalham diuturnamente por este aprofundamento da experiência democrática no Brasil. Citou, ainda, a conquista para as diferentes populações que foi a aprovação da resolução de participação social na 77ª Assembleia Mundial da Saúde, proposta defendida pela delegação brasileira e que tornou o SUS exemplo para todo o mundo.
Hermano Castro reforçou que o Sistema Único de Saúde é fruto da mobilização e das propostas surgidas no seio dos movimentos sociais, e relacionou os desafios de saúde do presente com os desastres ambientais, como aqueles que afetam populações que integram o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). “O desastre ambiental não é natural, é consequência de um modelo econômico que tem causado grandes e graves efeitos ao planeta. Tem gerado eventos como seca extrema, chuvas em excesso, além de todo um processo de degradação da natureza. Precisamos pensar um modelo para acessar recursos de socorro para o SUS, que precisa estar de pé para atender a população nessas situações, a exemplo do que aconteceu no Rio Grande do Sul, em Mariana e em Brumadinho”, defendeu.
Por fim, Rodrigo Murtinho destacou que o uso de tecnologia e informação no MapaMovSaúde é um passo fundamental para o fortalecimento da democracia e para ampliar a articulação das políticas públicas e defendeu que através do uso de tecnologias inclusivas em informação e comunicação os movimentos sociais têm ampliado sua participação na saúde. “Esse espaço é de reconhecimento do controle social, de articulação. Por meio do MapaMovSaúde, por exemplo, estamos usando informação e tecnologia a favor de políticas sociais. É um instrumento para fortalecimento da democracia”, ressaltou.
MAB lança projeto de vigilância popular
Moisés Borges, da Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), encerrou a mesa de abertura e em seguida anunciou o lançamento do projeto “Saúde e Direitos Humanos: vigilância popular e participativa em saúde e ambiente, nos territórios atingidos por barragens”. Segundo Moisés, o projeto é “uma resposta ao momento que nós estamos vivendo de crise climática, que gera tantos desafios na área de saúde para as populações atingidas em todo o Brasil”, afirma.
A iniciativa é fruto de parceria entre o MAB o Departamento de Vigilância Ambiental e Saúde do Trabalhador da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde (SVSA/MS), além da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (VPAAPS/Fiocruz), e suas unidades técnico-científicas Instituto René Rachou e Instituto Aggeu Magalhães.
O projeto promoverá e apoiará ações de vigilância popular em saúde, ambiente e trabalho, além de preparar as populações que residem nos diferentes territórios atingidos para identificar, monitorar, comunicar e registrar o surgimento ou agravamento de danos causados pela construção e/ou presença de barragens.
Roda de Conversa sobre articulação entre redes territoriais e digitais
Após o lançamento do projeto, o evento foi encerrado com a roda de conversa “Diálogo sobre os desafios da participação social na articulação entre redes territoriais e digitais”, que contou com a mediação da coordenadora executiva do MapaMovSaúde, Mariana Antoun; e dos debatedores Bruno Dias (MapaMovSaúde), Maria Ribeiro (data_labe) e Kharine Gil (Wikifavelas).
Provocados a responder à pergunta “Como as tecnologias territoriais e digitais tem sido utilizadas pelos movimentos sociais?”, Bruno citou o projeto ético-político do MapaMovSaúde de ser um espaço de interlocução e construção de pautas comuns pelos movimentos sociais.
Representando o data_labe, um laboratório de dados e narrativas que existe no Complexo da Maré, conjunto de favelas no Rio de Janeiro, cuja equipe é composta por jovens moradores de territórios populares que produzem novas narrativas por meio de dados, Maria Ribeiro citou diferentes projetos que fazem uso de dados como subsídios para a cobrança de políticas públicas, com o Orgulho da Favela, o Maré Indígena e o Cocôzap. Por fim, Kharine Gil abordou a trajetória do website em formato wiki cujo objetivo é a construção coletiva de conhecimento sobre favelas e periferias do Brasil, lançado em 2019 com apoio do CNPq e da Fiocruz.